nos dias de hoje, escutar o próprio silêncio é uma arte
Em tempos de headphone, com todo mundo plugado em alguma música, escutar o silêncio é uma arte. Tem gente que tenta fazer meditação e desiste na primeira tentativa, dizendo que a mente não parou de falar. Costumo dizer que não se aprende alemão em uma aula. Em uma aula você só vê o tamanho da encrenca.
A mente é como uma árvore cheia de macaquinhos pulando de galho em galho. Enquanto a gente tenta focar na respiração, pensa no que vai comer no almoço, que roupa usar no casamento da sobrinha, o assunto chato que tem que levar para a reunião de trabalho e em como está desconfortável essa posição.
E o processo de meditar, ou tentar acalmar a mente, passa por isso. Passa pela percepção de como nosso interior é tagarela e poluído. Em como os pensamentos passam como nuvens no céu e, dependendo da qualidade deles, ficamos felizes, chateados, preocupados, com fome, com raiva.
Na verdade, tudo o que aparece nessa tela mental é ilusão. São projeções no futuro ou lembranças do passado que não existem no momento presente. Quando tentamos parar ou controlar o pensamento é que nos damos conta de como é difícil! Somos literalmente reféns do que se passa na nossa mente.
O exercício de meditação é esse: observar esses macaquinhos pulando de galho em galho, de assunto em assunto, de emoção em emoção e não se identificar muito com eles, não se deixar levar muito por eles. E com essa prática começar a perceber que, no fundo dessa turbulência, existe um silêncio, uma presença, uma consciência.
Essa percepção acontece, em maior ou menor grau, com a prática do silêncio e da atenção interior. Existem milhões de técnicas para acessar esse estado, é só procurar, se informar e encontrar a sua. E se você me perguntar para que serve meditar, eu te digo que serve para a gente se conhecer, ter mais tranquilidade interior, saber que pode contar consigo mesmo sempre que precisar e para desenvolver todo o nosso potencial como seres humanos.
Fonte:http://gnt.globo.com/bem-estar/patricya-travassos/A-dificil-arte-de-meditar.shtml